Phnom Penh

250km separam Ho Chi Minh-Vietnã de Phnom Penh- Camboja. Perto, mas uma jornada de 8 horas, com direito a busu quebrado, 2 controles de fronteira e 1 visto extra.

Phnom Penh

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Pode olhar no mapa onde fica, porque eu não fazia a menor ideia onde ficava.

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Camboja, um país com uma história antiga incrível… com templos que desafiam a engenharia moderna e todas aquelas coisas que a NatGeo fala.
Mas é de algo muito mais recente que eu quero falar.

Durante a guerra do Vietnã os Estados Unidos bombardearam o Camboja com a justificativa de proteger as tropas americanas e evitar com que o comunismo se espalhasse pelo país. Aparentemente o governo americano tinha o apoio total do governo do Camboja para tal. Estranho e difícil de acreditar, mas é aquela velha história do azul contra o vermelho, a águia da liberdade contra o resto do mundo que eu não aguento mais ouvir.

De qualquer forma, o que aconteceu foi que o governo americano lançou mais bombas no Camboja do que a quantidade de bombas que foram utilizadas em TODA A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Foi a chamada Guerra Silenciosa. Sim, silenciosa, soa como um humor de muito mal gosto, mas é o que é.

O que importa é que, durante esse período, havia um grupo de milícia chamados Khmer Rouge (Khmer Vermelho) que aliava ideais comunistas com um nacionalismo extremo. Os bombardeios americanos não criaram o Khmer Rouge mas com certeza alavancaram sua ascensão.

Liderados por Pol Pot, um líder completamente insano, que queria criar uma comunidade pura e uma identidade nacional. O movimento foi ganhando força e quem não aderisse a suas ideias, era executado. Pol Pot tinha como ideia de Khmer puro apenas os camponeses com todas as suas características: trabalhavam nos campos, tinham as mão calejadas pelo trabalho manual e obviamente eram iletrados. A princípio, para uma boa parte da população que vivia no campo, o movimento era salvador. Finalmente alguém os defenderia das bombas e ataques internacionais. Mas logo no início perceberam que algo estava errado.

Os camponeses eram recrutados para servir o movimento, quem se recusasse era trazido cativo como inimigo do estado ou simplesmente executado na hora. Os acadêmicos, artistas, médicos, engenheiros, advogados, quem tivesse a mão macia ou usasse óculos não faziam parte dessa “raça” pura de Khmers eram todos considerados inimigos do movimento e trazidos cativos.

Para onde?

Toul Sleng – S21

Há um lugar em Phnom Penh que era um escola e foi transformado em uma prisão para os inimigos do estado. Prisioneiros eram trazidos ali, torturados, forçados a confessar toda sorte de crime que não cometeram e julgados pelos seus crimes. Dá pra contar nos dedos de uma mão os sobreviventes.

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Eram torturados com todos os requintes de crueldade e se não morressem ali eram levados para os que eles chamam de Killing Fields.

Killing Fields

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Achando que finalmente conseguiriam sua liberdade, chegavam nesses lugares vendados, chamados pelo nome, executados e jogados em valas comuns gigantes.


Todos: intelectuais, homens, mulheres, camponeses que se recusassem a se juntar ao movimento e pasmem, crianças. Isso mesmo, um dos lemas do movimento era: ” Para matar a grama tem que arrancar a raiz.” ou, Cortar o mal pela Raiz.

Esses dois lugares estão abertos para visitação. Um é apenas uma escola abandonada. O outro apenas um lugar afastado da cidade cheio de buracos no chão. Com pequenos detalhes. Você pode ver pedaços de ossos, cabelos e roupas espalhados por todo canto.

O pior lugar de todos, que me marcou demais foi a “Killing Tree”. Os radicais não utilizavam armas para executar os cativos porque custa caro. Eram atingidos com golpes na cabeça, decapitados ou simplesmente enterrados vivos. Mas as crianças, tinham a cabeça esmagada contra essa árvore e então jogadas na vala comum. Os primeiros que chegaram ali encontraram massa cefálica e cabelos no seu tronco.

 

Encontrei vários grupos de estudantes do Camboja nesses lugares. Espero que aprendam bem, para que o passado não se repita.

Afinal de contas Hitler, Mussolini, Pot Pol…. Trum….?

Foi em Phnom Penh que eu tirei essa que é minha foto favorita e que é a que está na capa do site. Adoro seu olhar, bem marrentinha.

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